Game of Thrones inicia despedida entre consagração e desafios

Foto: Helen Sloan/HBO

Quando a última temporada da série Game of Thrones (GoT) estrear, na noite deste 14 de abril, a produção já estará consagrada como marco da TV – conquistou muitos fãs ao redor do mundo e se tornou a mais premiada da história nos Estados Unidos. Por isso mesmo, a despedida é um desafio ENORME para os showrunners David Benioff e Dan Weiss: Encerrar uma história complexa em seis episódios, cercados pela expectativa de um público exigente.

Isso sem falar que eles vão entregar algo inédito até mesmo para a parcela do público que começou a acompanhar o universo da série pelos livros de George R. R. Martin. Quando a adaptação ultrapassou a fonte de inspiração, muita gente comentou que tinha notado diferenças no ritmo da história e no tom dos diálogos.

Eu também senti que algumas sequências poderiam ter tido mais impacto, como a jornada do grupo liderado por Jon Snow (Kit Harington) ao encontro do Rei da Noite e seu exército, ou sido trabalhadas com mais sutileza, a exemplo do início do relacionamento dele com Daenerys (Emilia Clarke). Pelo jeito mais introspectivo de Jon ao longo de toda série, estranhei ouvi-lo chamar a rainha de “Danny” em tão pouco tempo.

Épico, mágico e cotidiano

Mas, consciente dos desafios de uma adaptação deste tipo, sigo gostando da série. Neste longo intervalo entre a penúltima e a última temporadas, voltei a assistir episódios anteriores e isso reforçou minhas impressões sobre Game of Thrones.

Há muitos personagens interessantes, diálogos afiados e cenas memoráveis. Muito se fala sobre a grandiosidade das batalhas e o cuidado na criação dos seres fantásticos, e eu também presto atenção nisso, mas gosto muito de ver como são trabalhadas as disputas de poder.

São marcantes também para mim cenas aparentemente corriqueiras, mas que acabam revelando bastante sobre o “espírito” dos personagens, como a cena em que Jamie Lannister (Nikolaj Coster-Waldau) conta para Brienne de Tarth (Gwendoline Christie) o que estava acontecendo quando ele matou o rei. Lembro ainda de quando Sandor Clegane (Rory McCann), o Cão, fala sobre a infância dele para Arya Stark (Maisie Williams). São momentos em que os personagens ganham complexidade, poderia citar vários outros.

Além de não ter uma divisão clássica entre mocinhos e vilões, pois há vários personagens transitando entre bem e mal, a obra não se apoia em pessoas perfeitas para o posto em que se encontram.

Mesmo quem esteve perto do foco da ação na maior parte do tempo, a exemplo de Daenerys, Jon, Cersei (Lena Headay) e Tiryon (Peter Dinklage), enfrentou seus percalços e transformações para chegarem onde estão. Junto a isso, havia a possibilidade de reviravoltas e injustiças, como na vida real.

Não é só pelo tamanho da produção, com locações espalhadas pelo mundo e riqueza de detalhes criação de cada parte do universo imaginado por George R. R. Martin, Game of Thrones que deve ser considerada um marco na TV. Na era do streaming, ela fez com que muita gente se reunisse com os amigos para ver os episódios ou fosse comentar as cenas e teorias na internet. Criou-se uma comunidade mesmo em torno da obra, algo que pode se tornar cada vez mais difícil com tanta coisa disputando nossa atenção.

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